sexta-feira, 25 de março de 2011

Vasco lança terceira camisa inspirada na luta contra o racismo


O Vasco lançou na manhã desta quinta-feira, na Sede Náutica da Lagoa, o novo terceiro uniforme do clube. O clube apresentou uma peça preta, inspirada na histórica luta contra o racismo da qual foi pioneiro no início do século passado.

A cerimônia contou com as presenças do jogadores Fernando Prass, Bernardo e Dedé, além do presidente Roberto Dinamite junto da alta cúpula da diretoria vascaína. O mandatário falou sobre a nova camisa número três.

“Esse Vasco que eu quero e desejo. Em todos os anos tentou ser mais igualitário, mais humano. É este Vasco que estamos trabalhando para ser mais vencedor”, disse Dinamite.

O uniforme, que tem escrito "Inclusão" e "Respeito" na golam, é uma homenagem aos times de 1923 e 24. Na época o Vasco foi símbolo da inclusão social, num período em que acabou sendo desfiliado da liga profissional de futebol por permitir atletas negros. O time ficou conhecido como Camisas Negras no período.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Casos de racismo lideram denúncias de preconceito em Salvador

O boletim do Observatório de Discriminação Racial, da Violência contra a Mulher e LGBT, divulgado nesta terça-feira pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) de Salvador, indica o crescimento dos casos de racismo no Carnaval 2011.

Segundo a nota, foram 135 casos de ofensas raciais registrados até a manhã desta terça-feira, indicando 55,61% do total das denúncias recebidas pelo órgão. Mesmo assim, segundo a Secretaria Municipal da Reparação (Semur), houve uma redução considerável em relação a 2010 - no mesmo período, foram mais de 200 casos no ano passado.
 
A parcial apresenta também 62 agressões contra mulheres, ou 27,81% dos casos até as 20h desta segunda-feira. Já as agressões contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis foram 16,58% do total, ou 31.
 
O Observatório da Discriminação tem unidades instaladas em quatro pontos de Salvador: Ladeira de São Bento, Estação da Lapa, Campo Grande e Ondina. Em todos os postos, a vítima de discriminação pode registrar sua reclamação com a equipe de observadores montada pela Semur, que atende até o final do Carnaval.
 
Fonte:

sexta-feira, 18 de março de 2011

Filmes sobre a questão racial

 Segue uma lista interessante de filmes que envolvem a questão racial



1.  Amistad (negros escravizados se rebelam e tomam o navio espanhol na costa de Cuba, enganados pelos tripulantes restantes, acabam capturados por um navio americano e uma batalha judicial se inicia. não é dos melhores filmes de Spielberg, mas é didático na descrição do cruel transporte de escravos)


2.  Uma Outra História Americana (Edward Norton é o líder de um grupo de skinheads que mata dois negros que invadem sua casa e vai para a cadeia por 3 anos. na prisão percebe que o ódio racial que pregava só lhe traz prejuízos. quando sai, tenta desfazer sua imagem, mas suas antigas idéias ficaram impregnadas no seu grupo e no próprio irmão)


3.  Malcolm X (biografia de um dos grandes líderes negros americanos. Denzel Washington faz Malcolm X, que teve o pai morto pela Ku Kux Klan, a mãe internada por insanidade e acabou sendo um malandro de rua. quando esteve preso, converteu-se ao islamismo e iniciou sua pregação pela igualdade racial)


4.  A Autobiografia de Miss Jane Pittman (feito para TV e estrelado por Cicely Tyson, é um filme tocante. a história de uma mulher negra, que nasceu escrava em 1850 e viveu para fazer parte dos movimentos pelos direitos civis dos negros nos anos 1960. ganhou 8 prêmios Emmy)


5.  Tempo de Matar (uma garota negra de apenas 9 anos é estuprada por dois racistas brancos. eles são presos, mas quando estão sendo levados ao tribunal, são mortos pelo pai da garota. o caso atrai atenção nacional e a cidade vira um barril de pólvora)


6.  Mississipi em Chamas (em 1964, dois agentes do FBI vão a uma cidadezinha do Mississipi investigar os assassinatos de três militantes dos direitos civis, dois negros e um judeu. na cidade encontram um ambiente muito tenso, onde a segregação e o preconceito são a tônica)


7.  Adivinhe Quem Vem para Jantar (um casal esclarecido de classe média americana - Spencer Tracy e Katharine Hepburn - vai conhecer o noivo da filha num jantar, quando descobrem que ele é negro - Sidney Poitier. eles ficam chocados e procuram por algo que o desabone, mas encontram uma pessoa com muitas qualidades morais e profissionais. um tanto teatral, mas com um roteiro e interpretações brilhantes)


8.  As Barreiras do Amor (Michelle Pfeiffer é uma dona de casa obcecada pelo casal Kennedy e decide, contra a vontade do marido, ir de ônibus para o funeral do presidente. no ônibus, senta-se próxima a um negro, que viaja com a filha de 5 anos. ela desconfia que o homem está sequestrando a garota e aciona a polícia, mas vê que estava errada e acaba desenvolvendo uma forte amizade com eles. um retrato do preconceito nos anos 60)


9.  Um Grito de Liberdade (nos anos 70 na África do Sul, um jornalista branco - Kevin Kline - fica amigo de um ativista negro, Stephen Biko - vivido por Denzel Washington - que acaba morto na prisão. o jornalista então resolve divulgar o fato, as idéia de Biko e os horrores do apartheid, mas acaba virando alvo do regime e tem que fugir do país)


10.  Bopha! Á Flor da Pele (dirigido por Morgan Freeman o filme tem boas intenções em denunciar o regime do apartheid na África do Sul, através da história de um policial negro, que se orgulha de fazer parte do regime e acaba entrando em conflito com sua própria família)

FONTE:http://listasde10.blogspot.com/2009/11/10-filmes-sobre-racismo.html


Uma visão histórica sobre o racismo

Um grande laboratório racial: era essa a imagem do Brasil no final do século passado. Construída pelos inúmeros viajantes que aqui aportavam, a alusão a um país de raças híbridas encontrava boa acolhida entre nossos intelectuais - juristas, médicos, literatos, naturalistas. Como entender, no entanto, que esses mesmos pensadores tenham feito das teorias raciais deterministas e evolutivas o seu baluarte intelectual, espalhando pela sociedade brasileira noções de superioridade racial e o estigma do pessimismo quanto ao futuro de uma nação mestiça?
Esse é o desafio que a autora busca vencer, com base em documentos raros e muitas vezes inéditos: a compreensão da mentalidade de uma época em que conviveram o liberalismo político e o racismo oriundo das várias escolas darwinistas. Um paradoxo que marca até hoje e põe em xeque o país da democracia racial
.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mais uma letra de música sobre o racismo

Gabriel o Pensador 

Racismo é burrice


Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.

Postado por Regiane

terça-feira, 8 de março de 2011

Poema Navio Negreiro

Navio Negreiro
Castro Alves

 

LEIA  ABAIXO A POESIA DE CASTRO ALVES


     I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.
 
II
    
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
 
III
   
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 
IV
    
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!...
 
V
   
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?   Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
 

VI
      
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Postado Por Regiane Alves deo Campos

Video sobre a Resistência Africana

A influência africana na língua Portuguesa


Você sabia... qual a extensão da influência africana no português brasileiro? Por quase trezentos anos, o Brasil recebeu milhares e milhares de africanos, aqui trazidos como escravos para o trabalho rural ou na mineração. Vieram negros de praticamente toda a África, mas deles destacam-se dois grandes grupos: o guineano-sudanês e o banto. Esses povos falavam muitas línguas, das quais quatro exerceram razoável influência na nossa. Do primeiro grupo, podemos mencionar o iorubá ou nagô (Nigéria) e o eue ou jeje (Benim). Do segundo, o quimbundo (Angola) e o quicongo .(Congo).
Uma série extensa de palavras oriundas dessas línguas incorporaram-se ao nosso léxico, especialmente as relativas a:

·
Divindades, conceitos e práticas religiosas , ainda hoje utilizadas na Umbanda, Quimbanda e Candomblé (inclusive essas três palavras) - Oxalá, Ogum, Iemanjá, Xangô, pombajira, macumba, axé, mandinga, canjerê, gongá ( ou congá);
·
comidas e bebidas (muitas delas, originariamente, comidas e bebidas-de-santo, que depois se popularizaram na nossa culinária, notadamente na baiana) - Quitute, vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, quibebe, farofa, quindim, canjica e possivelmente cachaça;
·
topônimos , isto é, nomes de lugares e locais - Caxambu, Carangola, Bangu, Guandu, Muzambinho, S. Luís do Quitunde; cacimba, quilombo, mocambo, murundu, senzala;
·
roupas, danças e instrumentos musicais - Tanga, miçanga, caxambu, jongo, lundu, maxixe, samba, marimba, macumba (antigo instrumento de percussão) , berimbau;
·
animais, plantas e frutos - Camundongo, caxinguelê, mangangá, marimbondo, mutamba, dendê, jiló, quiabo;
·
deformidades, doenças, partes do corpo - Cacunda, capenga, calombo, caxumba, banguela, calundu, bunda.
 
 
Várias palavras produziram compostos e derivados, como pé-de- moleque , molec agem, mini tanga , quiab inho, angu -de-caroço, dende zeiro e tantas outras. Curiosa é a formação de capanga , de provável origem banto: a forma normal é panga (companheiro), que entrou para o português acrescida do prefixo diminutivo ca . Isto quer dizer que na origem "capanga" significa "companheirinho". De procedência africana são também provérbios como "por fora, muita farofa ; por dentro, molambo só" (aqui, farofa = ostentação e molambo = trapo, farrapo).
Enquanto a grande maioria dessas palavras entrou há muito tempo na língua, uma outra é de chegada mais recente: rastafari , em que o elemento de origem árabe ras é título de chefe etíope (da Etiópia, Nordeste africano). Designa tipo de penteado muito em moda nos últimos tempos no Brasil. A África continua inspirando...
A influência africana fez-se sentir também na área da fonética, combinada com a influência indígena, já que os especialistas têm dificuldade de identificar a ação de cada uma separadamente. Essa influência operou-se principalmente no linguajar chamado "caipira", utilizado pelos falantes da área rural com instrução formal pouca ou nenhuma. Assim, são atribuídas à influência afro-indígena formas como (está), mió (melhor), fulô (flor), muié (mulher), paiaço (palhaço), cosca (cócega), memo (mesmo), aquerditá (acreditar), num (não), andano (andando), etc. Entretanto, algumas dessas formas podem ter-se originado do próprio português lusitano na época da colonização. Várias palavras africanas penetraram também no português europeu, mas a influência aqui foi sem dúvida maior.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Orientações Curriculares

Desde a implantação Lei 10639/03, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", a Prefeitura de São Paulo no ano de 2008 apresentou as Orientações Curriculares sobre as expectativas de aprendizagem para educação étnico-racial. |Este guia de orientação foi discutido com professores da rede municipal e especialista sobre o tema.
Este guia apresenta orientações para toda a educação Básica com orientações teóricas sobre o tema da história africana e racial, envolvendo conhecimento nas áreas de Artes, Português e História. Além de proposições de atividades para serem desenvolvidas por professores e alunos.
Assim temos um grande instrumento para pensar a prática do professor na sala de aula envolvendo a temática.

As orientações podem ser consultadas no site:
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/BibliPed/DotGab/OrientacoesCurriculares_expectativas_de_%20aprendizagem_EducaçãoEtnico_racial_na_EdInf_EnsFundMedio.pdf

quarta-feira, 2 de março de 2011

Enfrentar o preconceito: a prova mais difícil do ProUni

Leia a matéria abaixo publicada no Jornal  da tarde em 29 de novembro de 2010.


Vítimas de piadas racistas e ignorados pelo restante dos alunos, os bolsistas se esforçam para superar a exclusão dentro das próprias salas de aula



Mariana Lenharo - JORNAL DA TARDE
Os colegas de turma de Juliano Tenório da Silva, estudante de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), não o cumprimentam nos corredores da instituição. Nayla Paganini, também aluna da PUC-SP, é alvo de comentários por não se vestir com roupas caras como as outras garotas da classe. Já o publicitário José Geraldo da Silva Junior, que estudou na Universidade Metodista de São Paulo, ainda não entende por que o nome dele e dos outros bolsistas da sala vinham por último na lista de chamada, fora da ordem alfabética.
Os três conseguiram ingressar em instituições de ensino conceituadas da cidade graças ao Programa Universidade para Todos do Ministério da Educação, o ProUni, que concede bolsas em universidades particulares para alunos de baixa renda.
Neste ano, 84.817 estudantes foram beneficiados no Estado de São Paulo com auxílios integrais ou parciais. À medida que o programa amplia o acesso das camadas sociais mais baixas ao ensino superior pago, aumentam também os casos de bolsistas que se sentem vítimas de preconceito na sala de aula.
Na semana passada, o Jornal da Tarde noticiou o caso da estudante negra Meire Rose Morais, de 46 anos, que recebeu e-mails ofensivos e racistas de uma colega de classe da PUC-SP. Tudo começou quando, às vésperas do segundo turno das eleições, Meire encaminhou uma análise política para a lista de e-mails de sua classe. Em poucos minutos, 33 e-mails de uma única pessoa lotavam sua caixa de entrada: eram piadas preconceituosas e uma mensagem de que Meire nunca mais irá esquecer.
Em um mesmo texto, a agressora chamava a aluna de prostituta, caracteriza seu pé como “grotesco”, zombava de seu cabelo e ainda criticava suas roupas. “Chorei durante cinco dias. Fiquei me sentindo um nada, ela quis me ofender em todas as minhas características”, lembra.Meire conta que o e-mail foi o ápice do preconceito, com o qual ela já convivia, em doses menores, desde o início do curso.
“Quando entrei na PUC, em 2005, existia um clima de medo, como se os alunos do ProUni fossem fazer a qualidade da instituição cair”, diz. Por isso, segundo a estudante, os bolsistas sempre sentiram vergonha de se manifestar, com medo de ser apontados como aqueles que estavam prejudicando a qualidade do ensino.
Na sexta-feira, as agressões contra Meire provocaram uma reação na universidade. Em moção de repúdio assinada pelas associações dos professores e dos funcionários da PUC e pelo Conselho dos Centros Acadêmicos da universidade, a atitude foi caracterizada como reveladora de um “ódio antipovo”, marcado pela “presença de uma intolerância raivosa no interior da PUC-SP, que se dirige contra tudo o que se diferencie de um pretenso padrão estético, moral e político”.
Prestes a concluir o curso de Direito, Meire vai apresentar nesta semana um requerimento administrativo na PUC-SP para que a universidade ouça os alunos envolvidos na questão e avalie a punição para os responsáveis. Além disso, pede que a universidade desenvolva atividades oficiais de combate à intolerância. Procurada pela reportagem, a PUC-SP não se manifestou sobre o caso.
Para a educadora Quézia Bombonatto, esse tipo de comportamento pode ser considerado como uma forma de bullying. “Embora seja mais comum entre adolescentes e crianças, muitos sofrem bullying na universidade e no trabalho. A universitária que ofendeu a outra estudante com certeza não consegue lidar com a diversidade e sente-se ameaçada em seu reduto”, analisa.
Para o advogado Cleyton Wenceslau Borges, representante da Uniafro Brasil, instituição educacional voltada para negros e pessoas de baixa renda, é importante que as universidades conveniadas ao ProUni disponham de um espaço institucional para tratar do tema do preconceito. “Corre-se o risco de aumentar a distribuição de bolsas sem que essas instituições se voltem para dentro de si para verificar se está havendo esse tipo de enfrentamento racial”, acredita.
FRASES
"O aluno universitário que pratica o preconceito também é vítima de uma sociedade que não o preparou para conviver com as diferenças” FREI DAVID R. DOS SANTOS, FUNDADOR DA EDUCAFRO
"Chorei durante cinco dias. Fiquei me sentindo um nada, ela quis me ofender em todas as minhas características”,MEIRE ROSE MORAES, ALUNA DE DIREITO DA PUC, VÍTIMA DE E-MAILS PRECONCEITUOSOS DE UMA COLEGA
"É como se eu carregasse uma placa dizendo que sou diferente dos outros, que sou bolsista”, jULIANO TENÓRIO DA SILVA, ALUNO DE DIREITO DA PUC
"Não conseguimos nos integrar nos grupos de trabalho, ficamos em um grupo isolado. Estava excluído. Os outros alunos comentavam que eles é que pagavam a mensalidade”, JOSÉ GERALDO DA SILVA JUNIOR, FORMADO EM PUBLICIDADE PELA METODISTA

O que é Hip Hop

O que é Hip Hop



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Hip-Hop é uma cultura que consiste em 4 subculturas ou subgrupos, baseadas na criatividade. Um dos primeiros grupos seria, e se não o mais importante da cultura Hip-Hop, por criar a base para toda a cultura, o DJing é o músico sem “instrumentos” ou o criador de sons para o RAP, o B.Boying (a dança B.Boy, Poppin, Lockin e Up-rockin) representando a dança, o MCing (com ou sem utilizar das técnicas de improviso) representa o canto, o Writing (escritores e/ou graffiteiros) representa a arte plástica, expressão gráfica nas paredes utilizando o spray.

O Hip-Hop não pode ser consumido, tem que ser vivido (não comprando roupas caras, mais sim melhorando suas habilidades em um ou mais elementos dia a dia). É um estilo de vida.... Uma ideologia...uma cultura a ser seguida...

A "consciência" ou a "informação" na minha opinião não pode ser considerada como elemento da cultura, pois isso já vem inserido às culturas do DJing, B.BOYing, MCing e Escritor/WRITing (Graffiteiros), ou seja aos elementos da cultura Hip-Hop, mais é válido para a nova geração, dizendo se fazer parte da cultura Hip-Hop sem ao menos conhecer os criadores da cultura e suas reais intenções.
Quer saber mais disponível em: http://www.overmundo.com.br/overblog/historia-da-cultura-hip-hop

Livros sobre a História Africana

A Editora Selo Negro apresenta uma vasta bibliografia sobre a cultura negra. Escrito por grandes pesquisadores, os livros desta editora são fundamentais para revermos conceitos sobre a cultura africana, e principalmente para atualizar os nossos conhecimentos.Por fim, cabe lembrar que alguns dos seus livros são recomendados para o uso no Ensino Fundamental e Médio como exemplo: "A África na sala de aula" da Profª Leila Leite Hernandez.

Site da Editora:http://www.gruposummus.com.br/selonegro/index.php